Entenda as grandes mudanças quando nos referimos a alimentos agroecológicos x alimentos orgânicos, além da conexão com os princípios da agroecologia
Quando o assunto é alimentação saudável, a priorização de alimentos orgânicos já está amplamente difundida entre os consumidores. Mas será que eles são a melhor opção? Conheça com a gente a agroecologia e o porquê que a escolha de alimentos produzidos a partir de suas principais práticas, traz muito mais benefícios.
No artigo de hoje, queremos te mostrar que a comida que chega em seu prato pode sim ser orgânica, mas para além disso, pode também fazer bem para a sociedade e para o meio ambiente. Como? Acompanhe com a gente!
O que é agroecologia?
Já parou para refletir que alimento saudável é muito mais do que nutrição? Primeiro, antes de tudo, precisa fazer bem. Agora, e se esse bem for além do nosso corpo, gerando impactos positivos para a natureza e para as famílias camponesas, responsáveis pela produção?
Ao responder o que é agroecologia, é preciso entender que não se trata apenas de um sistema de cultivo. É, também, um modo de vida que conecta e envolve produtores, consumidores e natureza, inclusive, nas esferas políticas e econômicas. E, tudo isso acontece por meio dos saberes populares, combinados com conhecimento científico.
Para que a agroecologia semeie e floresça, tem que ser bom para quem planta, bom para quem come e bom para o meio ambiente. E, para exemplificar e tornar mais fácil de como isso acontece na prática, trouxemos os três principais valores da Raízes do Campo.
Bom pra quem planta
Sem dúvida, ser bom para quem planta pode parecer subjetivo.
E de fato é, pois para cada família existe uma realidade e, consequentemente, uma representação diferente. O que é comum: precisarmos garantir a renda camponesa, agregando valor e trabalho ao processo. Como? Uma das formas é envolver, também, os jovens e as mulheres, deixando-os satisfeitos com os frutos do próprio trabalho.
Com a agroecologia, a renda fica no campo e é recebida, com a cooperação e o cooperativismo, por quem de fato trabalha e produz. Em outros sistemas, o valor total acaba sendo comprimido e distribuído para outros “elos” da cadeia produtiva, restando um valor mínimo para as famílias.
A partir daí, esses benefícios se multiplicam. Ao sentir orgulho da própria produção e receber uma renda justa por ela, a juventude pode estudar e aplicar os novos conhecimentos adquiridos para permanecer e fazer com que o campo prospere cada vez mais.
Outro ponto importante é a valorização da cultura popular camponesa. Por exemplo, você sabia que existe a festa da colheita? É uma celebração, com intervenções artísticas, que comemora a fertilidade e a vida de forma coletiva, colaborativa e solidária.
Exemplos como esse demonstram que, quanto mais aproximamos o consumidor da cultura de produção, maior a conexão e a disseminação dos saberes. Assim, bom para quem planta é renda, trabalho, qualidade de vida, saúde e educação no campo.
Bom pra quem come
A agroecologia possibilita que o alimento de verdade, produzido com afeto, sabedoria, experiência e resistência, chegue à mesa dos consumidores. Alimento esse que, por ser produzido em solo fértil e da melhor maneira, consegue atingir o seu máximo potencial nutritivo.
Dessa forma, é possível vivenciar os princípios agroecológicos no dia a dia. Quer alguns exemplos?
- Se pensarmos que a agroecologia está ligada à saúde, podemos pensar em relações saudáveis que priorizam maior conexão com pessoas e realidades diversas;
- Se buscarmos consumir alimentos com responsabilidade e consciência, é preciso responder às seguintes perguntas: de onde vem o que eu compro? Quem produz o que como? O que tem dentro daquela caixa? Qual impacto causa para o meio ambiente?
Ou seja, a escolha de alimentos oriundos de práticas agroecológicas gera a integração de todo um ecossistema. Porque além de consumir o que foi cultivado em um solo rico e saudável, você não nutre apenas o seu corpo, mas a qualidade de vida das famílias camponesas, responsáveis pela produção.
Bom para o meio ambiente
Na agroecologia, existem três palavras muito importantes: consonância, diversificação e equilíbrio.
Consonância porque, a começar pela produção, tudo precisa caminhar junto. Por exemplo, não há como cultivar alimentos, sem cuidar da preservação das áreas de mata.
Diversificação porque, quanto mais praticamos agroecologia, mais favorecemos a variedade do cultivo. Assim, no espaço de produção, não encontramos apenas soja, ela divide espaço com banana, café, milho, batata, hortaliças e até mesmo as famosas plantas daninhas.
Equilíbrio porque, a presença dessas plantas não desejadas e não cultivadas, espanta pragas, contribui para os ciclos dos nutrientes e para a proteção do solo, por exemplo.
Sendo o meio ambiente o lugar em que vivemos e em que produzimos para a nossa existência, é preciso preservar e regenerar o solo, as águas e a biodiversidade, ao mesmo tempo em que geramos alimentos, é bom para o meio ambiente.
Alimentos agroecológicos X alimentos orgânicos
Agora que já exploramos o conceito do que é agroecologia e conectamos com os valores da Raízes do Campo, queremos trazer para você qual a grande diferença entre os alimentos orgânicos x alimentos agroecológicos.
Quando o assunto é alimento orgânico, o tema e o consumo ganharam grande relevância atualmente, com um perfil crescente de consumidores que estão, cada vez mais, preocupados com a preservação da própria saúde.
Nesse contexto, tanto os grandes latifúndios, quanto o agronegócio, entraram nesse tipo de produção para aumentar a lucratividade. Ainda assim, na maioria das vezes, continuaram a cultivar em sistemas de monocultura, sem se preocupar com a biodiversidade, com manter o solo vivo ou em cuidar das espécies nativas do local.
Fora isso, existe a exclusão da comunidade camponesa, que não é envolvida nesse processo, porque é substituída por máquinas, que utilizam os formatos da agricultura convencional.
Já quando falamos em agroecologia, também estamos lidando com produtos orgânicos, mas ampliando o olhar para uma ciência que engloba aspectos ambientais, sociais, políticos, econômicos e culturais.
Além de um cultivo sem o uso de químicos, é um movimento de resistência que busca a melhoria das condições de vida das famílias camponesas, para garantir renda justa aos pequenos produtores.
Outro ponto é que a agroecologia busca revitalizar métodos tradicionais de cultivo presentes na agricultura familiar ainda hoje, que preservam e regeneram os ecossistemas.
Melhor do que isso, incorpora a eles avanços científicos atuais em termos de análise de água e solo, bem como o entendimento dos hábitos e necessidades da fauna nativa. O rodízio de culturas é guiado pela subsistência da família produtora e, assim, a produção é mais diversificada e permite que o solo retenha nutrientes.
Então, ao se deparar com um produto agroecológico, você levará para casa um alimento orgânico, mas cultivado em solo fértil, comercializado de forma justa e garantindo a melhoria da vida das famílias camponesas. Isso sim é alimento de verdade.
Entendeu a grande diferença entre os alimentos produzidos com base na agroecologia e os alimentos orgânicos? Esperamos que o conteúdo de hoje tenha gerado mais conhecimento para o seu dia a dia e gerado reflexão para as suas escolhas alimentares.
O alimento de verdade simboliza afeto, sabedoria, experiência e resistência. Ele concretiza a potência da conexão entre o campo e a mesa. É esse alimento que a Raízes do Campo acredita e produz, o alimento agroecológico, que vem pelas mãos da agricultura familiar camponesa, que preserva e regenera o meio ambiente.