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Alimentos agroecológicos e alimentos orgânicos: qual a diferença?

Raízes do Campo -

13/02/2024

Imagem mostra homem colhendo uvas verdes orgânicas

Entenda as grandes mudanças quando nos referimos a alimentos agroecológicos x alimentos orgânicos, além da conexão com os princípios da agroecologia

Quando o assunto é alimentação saudável, a priorização de alimentos orgânicos já está amplamente difundida entre os consumidores. Mas será que eles são a melhor opção? Conheça com a gente a agroecologia e o porquê que a escolha de alimentos produzidos a partir de suas principais práticas, traz muito mais benefícios.

No artigo de hoje, queremos te mostrar que a comida que chega em seu prato pode sim ser orgânica, mas para além disso, pode também fazer bem para a sociedade e para o meio ambiente. Como? Acompanhe com a gente!

O que é agroecologia?

Já parou para refletir que alimento saudável é muito mais do que nutrição? Primeiro, antes de tudo, precisa fazer bem. Agora, e se esse bem for além do nosso corpo, gerando impactos positivos para a natureza e para as famílias camponesas, responsáveis pela produção?  

Ao responder o que é agroecologia, é preciso entender que não se trata apenas de um sistema de cultivo. É, também, um modo de vida que conecta e envolve produtores, consumidores e natureza, inclusive, nas esferas políticas e econômicas. E, tudo isso acontece por meio dos saberes populares, combinados com conhecimento científico.

Para que a agroecologia semeie e floresça, tem que ser bom para quem planta, bom para quem come e bom para o meio ambiente. E, para exemplificar e tornar mais fácil de como isso acontece na prática, trouxemos os três principais valores da Raízes do Campo.   

Imagem remete à agroecologia, mostra um agricultor no campo colhendo

Bom pra quem planta 

Sem dúvida, ser bom para quem planta pode parecer subjetivo. 

E de fato é, pois para cada família existe uma realidade e, consequentemente, uma representação diferente. O que é comum: precisarmos garantir a renda camponesa, agregando valor e trabalho ao processo. Como? Uma das formas é envolver, também, os jovens e as mulheres, deixando-os satisfeitos com os frutos do próprio trabalho.

Com a agroecologia, a renda fica no campo e é recebida, com a cooperação e o cooperativismo, por quem de fato trabalha e produz. Em outros sistemas, o valor total acaba sendo comprimido e distribuído para outros “elos” da cadeia produtiva, restando um valor mínimo para as famílias.

A partir daí, esses benefícios se multiplicam. Ao sentir orgulho da própria produção e receber uma renda justa por ela, a juventude pode estudar e aplicar os novos conhecimentos adquiridos para permanecer e fazer com que o campo prospere cada vez mais.

Outro ponto importante é a valorização da cultura popular camponesa. Por exemplo, você sabia que existe a festa da colheita? É uma celebração, com intervenções artísticas, que comemora a fertilidade e a vida de forma coletiva, colaborativa e solidária. 

Exemplos como esse demonstram que, quanto mais aproximamos o consumidor da cultura de produção, maior a conexão e a disseminação dos saberes. Assim, bom para quem planta é renda, trabalho, qualidade de vida, saúde e educação no campo.

Bom pra quem come

A agroecologia possibilita que o alimento de verdade, produzido com afeto, sabedoria, experiência e resistência, chegue à mesa dos consumidores. Alimento esse que, por ser produzido em solo fértil e da melhor maneira, consegue atingir o seu máximo  potencial nutritivo. 

Dessa forma, é possível vivenciar os princípios agroecológicos no dia a dia. Quer alguns exemplos? 

  • Se pensarmos que a agroecologia está ligada à saúde, podemos pensar em relações saudáveis que priorizam maior conexão com pessoas e realidades diversas;
  • Se buscarmos consumir alimentos com responsabilidade e consciência, é preciso responder às seguintes perguntas: de onde vem o que eu compro? Quem produz o que como? O que tem dentro daquela caixa? Qual impacto causa para o meio ambiente? 

Ou seja, a escolha de alimentos oriundos de práticas agroecológicas gera a integração de todo um ecossistema. Porque além de consumir o que foi cultivado em um solo rico e saudável, você não nutre apenas o seu corpo, mas a qualidade de vida das famílias camponesas, responsáveis pela produção. 

Bom para o meio ambiente

Na agroecologia, existem três palavras muito importantes: consonância, diversificação e equilíbrio. 

Consonância porque, a começar pela produção, tudo precisa caminhar junto. Por exemplo, não há como cultivar alimentos, sem cuidar da preservação das áreas de mata. 

Diversificação porque, quanto mais praticamos agroecologia, mais favorecemos a variedade do cultivo. Assim, no espaço de produção, não encontramos apenas soja, ela divide espaço com banana, café, milho, batata, hortaliças e até mesmo as famosas plantas daninhas. 

Equilíbrio porque, a presença dessas plantas não desejadas e não cultivadas, espanta pragas, contribui para os ciclos dos nutrientes e para a proteção do solo, por exemplo.

Sendo o meio ambiente o lugar em que vivemos e em que produzimos para a nossa existência, é preciso preservar e regenerar o solo, as águas e a biodiversidade, ao mesmo tempo em que geramos alimentos, é bom para o meio ambiente.

Imagem de verdura com zoom mostrando verde intenso. Orgânico na plantação.

Alimentos agroecológicos X alimentos orgânicos

Agora que já exploramos o conceito do que é agroecologia e conectamos com os valores da Raízes do Campo, queremos trazer para você qual a grande diferença entre os alimentos orgânicos x alimentos agroecológicos.

Quando o assunto é alimento orgânico, o tema e o consumo ganharam grande relevância atualmente, com um perfil crescente de consumidores que estão, cada vez mais, preocupados com a preservação da própria saúde.

Nesse contexto, tanto os grandes latifúndios, quanto o agronegócio, entraram nesse tipo de produção para aumentar a lucratividade. Ainda assim, na maioria das vezes, continuaram a cultivar em sistemas de monocultura, sem se preocupar com a biodiversidade, com manter o solo vivo ou em cuidar das espécies nativas do local.

Fora isso, existe a exclusão da comunidade camponesa, que não é envolvida nesse processo, porque é substituída por máquinas, que utilizam os formatos da agricultura convencional.

Já quando falamos em agroecologia, também estamos lidando com produtos orgânicos, mas ampliando o olhar para uma ciência que engloba aspectos ambientais, sociais, políticos, econômicos e culturais. 

Além de um cultivo sem o uso de químicos, é um movimento de resistência que busca a melhoria das condições de vida das famílias camponesas, para garantir renda justa aos pequenos produtores.

Outro ponto é que a agroecologia busca revitalizar métodos tradicionais de cultivo presentes na agricultura familiar ainda hoje, que preservam e regeneram os ecossistemas. 

Melhor do que isso, incorpora a eles avanços científicos atuais em termos de análise de água e solo, bem como o entendimento dos hábitos e necessidades da fauna nativa. O rodízio de culturas é guiado pela subsistência da família produtora e, assim, a produção é mais diversificada e permite que o solo retenha nutrientes.

Então, ao se deparar com um produto agroecológico, você levará para casa um alimento orgânico, mas cultivado em solo fértil, comercializado de forma justa e garantindo a melhoria da vida das famílias camponesas. Isso sim é alimento de verdade.

Entendeu a grande diferença entre os alimentos produzidos com base na agroecologia e os alimentos orgânicos? Esperamos que o conteúdo de hoje tenha gerado mais conhecimento para o seu dia a dia e gerado reflexão para as suas escolhas alimentares. 

O alimento de verdade simboliza afeto, sabedoria, experiência e resistência. Ele concretiza a potência da conexão entre o campo e a mesa. É esse alimento que a Raízes do Campo acredita e produz, o alimento agroecológico, que vem pelas mãos da agricultura familiar camponesa, que preserva e regenera o meio ambiente.

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