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Agricultura familiar: o que é, características e como funciona

Raízes do Campo -

21/08/2023

agricultura familiar

Você já parou para pensar no coração que pulsa por trás dos alimentos frescos que chegam à sua mesa todos os dias? A resposta está na agricultura familiar, uma força vital que impulsiona comunidades rurais e contribui para a segurança alimentar global. 

Mas afinal, o que é agricultura familiar e por que ela desempenha um papel tão crucial em nossa sociedade? Embarcaremos em uma jornada para desvendar a agricultura familiar camponesa.

Prepare-se para descobrir histórias das mãos que cultivam a terra. 

O que é agricultura familiar?

A agricultura familiar é um sistema de produção agrícola fundamentado na gestão de pequenas propriedades por membros de uma mesma família. 

De mãos dadas com a agroecologia, a agricultura familiar tem o potencial de preservar e regenerar o meio ambiente, de desenvolver a sociedade e superar um grande desafio: garantir a segurança e a soberania alimentar das pessoas.

Diferenciando-se das operações em grande escala, a agricultura   familiar combina saberes ancestrais e conhecimento técnico e ganha escala por meio do cooperativismo, onde as famílias reúnem e organizam sua produção para atender às demandas existentes

Propriedade e gestão familiar – Nas operações de agricultura familiar, a terra é administrada e cultivada por membros da mesma família. Isso promove uma forte conexão com a terra, o conhecimento das práticas agrícolas locais e a preservação das tradições.

Diversidade de cultivo – Geralmente, a agricultura familiar envolve a produção de uma variedade de culturas, promovendo a biodiversidade e reduzindo a dependência da preservação das tradições aliadas ao conhecimento técnico.

Mão de obra – A mão de obra é composta principalmente pelos membros da família, o que fortalece os laços familiares e promove o compartilhamento de conhecimento intergeracional.

Apoio à economia local – A produção local de alimentos beneficia as economias regionais ao reduzir a dependência de alimentos importados e contribuir para a geração de empregos na comunidade.

Sustentabilidade – A agricultura familiar tende a ser mais sustentável, muitas vezes utilizando práticas agrícolas tradicionais e métodos orgânicos que minimizam o uso de produtos químicos e impactos ambientais.

A agricultura familiar vai além de uma forma de produção, porque o campo também é lugar de se viver e isso cria uma forte relação com a terra. Isso influencia na preservação do meio ambiente e na alimentação das famílias.

Quais são as características da agricultura familiar?

A agricultura familiar é um modelo de produção agrícola que se baseia na gestão da terra e dos recursos por famílias que trabalham juntas para cultivar alimentos e outros produtos. 

Essa forma de agricultura tem diversas características distintas que a diferenciam de sistemas de grande escala ou industriais. Vamos explorar algumas das principais características que definem a agricultura familiar:

  • Utilização de mão de obra familiar 
  • Predominância de pequenas propriedades
  • Produção para consumo e venda do excedente 
  • Diversificação da produção alimentar
  • Produção em pequena escala 
  • Baixo impacto ambiental
  • Uso de técnicas tradicionais de cultivo
  • Organização em cooperativas para atender às demandas do mercado

Suas características únicas refletem uma conexão profunda com a terra e a cultura, contribuindo para a segurança alimentar e a resiliência em face das mudanças globais.

Como funciona a produção agrícola em família?

Nas pequenas propriedades rurais, a agricultura familiar surge como um sistema sustentado pela colaboração entre os membros de uma mesma família. Nesse contexto, eles desempenham papéis essenciais, não apenas gerindo a terra, mas também envolvendo-se ativamente nas atividades de cultivo e cuidado das plantações.

Na perspectiva da agricultura familiar, o solo não é somente um recurso de produção; assume um papel central na garantia da subsistência. 

Uma porção da renda gerada pela atividade agrícola é destinada a prover sustento à família e manter o ambiente doméstico, assegurando que os resultados do trabalho se convertam em alimento.

Além de sua dimensão econômica, esse modelo agrícola é enriquecido por uma ligação emocional profunda entre a família e a terra que consideram lar. Com frequência, essa ligação se perpetua ao longo das gerações, com a propriedade e os valores agrícolas sendo transmitidos de pais para filhos.

Na realidade da agricultura familiar, uma diversidade de produtos alimentares emerge, incluindo vegetais cultivados e a criação de animais para a produção de ovos, leite e carne. Parte dessa produção segue diferentes caminhos, abrangendo desde os mercados locais até a distribuição regional e feiras.

Apesar de a palavra “tradicional” frequentemente ser associada à agricultura, a prática da agricultura familiar não se limita a métodos antigos. Pelo contrário, ela incorpora práticas modernas da agricultura, sem definir sua essência pela técnica, mas sim pela ligação íntima que une uma família à terra que nutrem e cultivam.

Qual é a importância da agricultura familiar?

Para entender a importância da agricultura familiar, é essencial refletir sobre o papel fundamental que desempenha no atendimento à demanda alimentar da população e na preservação do meio ambiente.

Você já se questionou sobre o impacto significativo que essa atividade possui não somente no Brasil, mas também em escala mundial?

Apesar de existirem diferentes pontos de vista quanto aos registros de abastecimento, a agricultura familiar é a principal responsável pela produção de alimentos naturais, como hortaliças, frutas, ovos e laticínios, que são consumidos em todas as partes do mundo.

A prova desse protagonismo é respaldada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que estima que cerca de 70% a 80% de todos os alimentos produzidos globalmente têm origem nas pequenas propriedades rurais. 

No entanto, o impacto da agricultura familiar vai além do aspecto econômico. Ela exerce um papel crucial na dinâmica das comunidades, tanto localmente quanto em nível regional. Isso é particularmente evidente em diversas cidades localizadas nas áreas mais remotas do território nacional. 

Além disso, é importante destacar a conexão intrínseca entre a agricultura familiar e a sustentabilidade ambiental. Ao adotar práticas que preservam a fertilidade natural do solo e mantêm o equilíbrio dos ecossistemas locais, esse tipo de agricultura se revela como um pilar fundamental para a harmonia ecológica.

Agricultura familiar no Brasil

A agricultura familiar desempenha um papel fundamental no cenário agrícola brasileiro, sendo um componente vital da economia e da sociedade do país. 

Caracterizada por unidades produtivas de pequeno e médio porte, essa forma de agricultura é responsável por uma parcela significativa da produção de alimentos, pela preservação de tradições culturais e pelo desenvolvimento sustentável de áreas rurais.

No levantamento mais recente feito pelo IBGE, em 2017, foi constatado que aproximadamente 77% de todos os empreendimentos agrícolas presentes no Brasil estão direcionados para a esfera da agricultura familiar. 

Nessa porção, aproximadamente 4 milhões de unidades estão envolvidas, representando apenas 23% da extensão total das propriedades rurais, o que equivale a cerca de 81 milhões de hectares. Além disso, mais de 10 milhões de indivíduos estão engajados na agricultura familiar.

Apesar dos números grandes, o Censo Agropecuário mostrou mudanças negativas no número de propriedades e pessoas na agricultura familiar. De 2006 a 2017, houve uma queda de 9,5% nas fazendas desse tipo, com uma diminuição de 0,5% na área usada. Ao mesmo tempo, o número de pessoas envolvidas diminuiu em 17,6%.

O IBGE aponta que essa mudança se deve a pessoas que saem das propriedades em busca de empregos, levando a alterações nos tipos de estabelecimentos e não sendo mais considerados agricultura familiar. 

Além disso, membros jovens da família também deixam as propriedades em busca de trabalho fora, contribuindo para essa mudança. O aumento da automação de processos antes feitos manualmente também tem impacto. Mas é importante ressaltar aqui que a agricultura familiar também necessita de equipamentos, sendo eles adequados ao seu tipo de produção, tornando o trabalho menos penoso e mais produtivo.  

A agricultura familiar é responsável por boa parte da produção de alimentos no Brasil, como café, banana, mandioca, feijão, abacaxi e leite, além de arroz, milho e criação de animais, principalmente aves e suínos.

Agricultura familiar e sustentabilidade

A agricultura familiar e a sustentabilidade ambiental andam de mãos dadas, compartilhando princípios e práticas. Na agricultura familiar, a produção é caracterizada pela diversidade de culturas, o que não esgota os recursos do solo. Pelo contrário, a rotação de culturas é adotada para enriquecer nutrientes e matéria orgânica, além de preservar a qualidade física do solo.

Ao contrário da agricultura intensiva que faz uso significativo de agrotóxicos e defensivos químicos, na agricultura familiar, esses produtos são utilizados de forma muito mais restrita. Isso resulta em impactos menores no solo e nos recursos hídricos, comparados à agricultura intensiva praticada no agronegócio. 

Como resultado, a agricultura familiar se destaca como um modelo de produção mais sustentável, estabelecendo uma relação harmoniosa e interdependente com o solo e o meio ambiente.

Agricultura familiar e agronegócio

No contexto brasileiro, o agronegócio ocupa a dianteira quando se trata de extensão territorial utilizada para produção. Esse modelo opera predominantemente em vastas propriedades de terra conhecidas como latifúndios.

Uma distinção chave entre o agronegócio e a agricultura familiar é o enfoque na quantidade de culturas cultivadas por cada estabelecimento. Enquanto a agricultura familiar é notável pela variedade de produção em suas áreas, o agronegócio se concentra na monocultura.

É uma prática comum observar grandes extensões especializadas exclusivamente em culturas como soja, milho, algodão e outras. A produção destas commodities agrícolas é direcionada principalmente para mercados estrangeiros.

Apesar de coexistirem em muitas regiões, o agronegócio e a agricultura familiar muitas vezes não interagem de forma harmoniosa. Por vezes, surgem conflitos prolongados pela posse de terras, especialmente em áreas onde a fronteira agrícola está se expandindo. No Brasil, essa situação é amplificada pela desigual distribuição de terras, que caracteriza a atual estrutura fundiária do país.

Quais são os produtos cultivados na agricultura familiar?

A agricultura familiar abrange uma ampla diversidade de culturas e produtos cultivados, contribuindo significativamente para a produção de alimentos e a subsistência em muitas comunidades. Entre os produtos cultivados na agricultura familiar, destacam-se:

Hortaliças: diversos tipos de hortaliças, como alface, tomate, cenoura, couve, brócolis e abobrinha, são comuns nas atividades da agricultura familiar. Elas são fundamentais para a dieta e a nutrição das populações locais.

Frutas: maçãs, bananas, laranjas, uvas, mangas, morangos e uma variedade de outras frutas são cultivadas em propriedades de agricultura familiar, oferecendo opções saudáveis e saborosas.

Cereais: grãos como milho, arroz, feijão e trigo são frequentemente cultivados para consumo local e também como fonte de renda para os agricultores familiares.

Raízes e tubérculos: culturas como batata, mandioca, inhame e batata-doce são importantes fontes de carboidratos e nutrientes em muitas comunidades.

Leguminosas: além do feijão, outras leguminosas como lentilhas, ervilha e grão-de-bico e ervilha são cultivados na agricultura familiar, contribuindo para a dieta balanceada.

Plantas medicinais e aromáticas: muitas propriedades de agricultura familiar também cultivam plantas medicinais e ervas aromáticas, utilizadas tanto para consumo próprio quanto para comercialização.

Oleaginosas: culturas como o girassol e o amendoim podem ser encontradas em propriedades de agricultura familiar, fornecendo óleos e outros produtos.

Produtos lácteos: alguns agricultores familiares se dedicam à produção de leite e derivados, como queijo e iogurte, contribuindo para a oferta local de produtos lácteos.

Carnes e aves: pequenas criações de animais, como frangos, porcos e cabras, são parte integrante de muitas unidades de agricultura familiar, fornecendo carne e proteína animal.

Mel: a apicultura é outra atividade comum na agricultura familiar, com a produção de mel e outros produtos apícolas.

Essa lista está longe de ser exaustiva, pois a agricultura familiar se adapta às necessidades e características de cada região. A diversidade de culturas e produtos cultivados reflete a resiliência e a importância desse modelo de produção na segurança alimentar e no desenvolvimento sustentável.

Quais são as vantagens da agricultura familiar?

A agricultura familiar no Brasil apresenta uma série de vantagens que moldam seu papel na sociedade e economia. Vamos explorar esses aspectos de maneira sucinta:

Segurança alimentar – A diversificação de cultivos na agricultura familiar contribui para a produção de uma ampla variedade de alimentos, melhorando a segurança alimentar em nível local e regional.

Preservação do meio ambiente – Muitos agricultores familiares adotam práticas agroecológicas, como uso mínimo de agrotóxicos e – apenas quando necessário – técnicas de conservação do solo, contribuindo para a preservação do meio ambiente e da biodiversidade.

Geração de empregos – A agricultura familiar é uma importante fonte de empregos nas áreas rurais, ajudando a fixar a população e contribuir para a dinamização econômica local.

Cultura e tradição – A agricultura familiar desempenha um papel vital na preservação de tradições culturais e conhecimentos transmitidos de geração em geração, enriquecendo a identidade local.

Desenvolvimento sustentável – A natureza de pequena escala da agricultura familiar é geralmente mais sustentável, reduzindo o impacto ambiental e promovendo a resiliência econômica em face de mudanças climáticas e crises.

Conscientização 

Em resumo, a agricultura familiar camponesa desempenha um papel vital, caracterizado por sua conexão profunda com a terra, diversidade de culturas e impacto positivo nas comunidades e meio ambiente. 

A iniciativa da Raízes do Campo, ao ser a ponte entre a agricultura familiar e os consumidores, é essencial não apenas para oferecer produtos, como também para a construção da agroecologia como um atributo fundamental de produto e ética no consumo.

Quando a escolha for uma opção, escolha alimentos de verdade, escolha a agricultura familiar e a Raízes do Campo.

Conheça nossos produtos agroecológicos no site da Raízes do Campo.

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