Conheça mais sobre a Revolução Verde, um período que marcou tanto pelo conjunto de inovações tecnológicas, quanto pelas consequências de todo esse processo.
Você sabia que, em 1960, a população mundial somava cerca de 3 bilhões de pessoas? Nada comparado aos números atuais em que já ultrapassamos mais do que o dobro: 8 bilhões. E com tanta gente dividindo o mesmo planeta, fica a pergunta: como produzir e fornecer alimentos para todo mundo? A Revolução Verde é uma das soluções.
Mas será que a Revolução Verde é a alternativa mais eficaz quando buscamos saídas que, além de solucionarem a questão da alimentação mundial, estejam atreladas também a práticas sustentáveis, que tenham como princípio a Agroecologia?
No artigo de hoje, a Raízes do Campo traz para você mais informações sobre esse tema que ainda gera tantos fóruns de discussões no Brasil e no mundo. Acompanhe com a gente e entenda que, nem sempre a melhor intenção pode estar acompanhada da melhor solução.
O que é a Revolução Verde e como ela aconteceu?
Se procurarmos o que foi a Revolução Verde, encontraremos diversos conceitos que, resumidamente, trazem a seguinte definição: conjunto de inovações tecnológicas que foram introduzidas na agricultura a partir da década de 1960.
Os movimentos iniciais aconteceram nos Estados Unidos, em meados da década de 1940. Nessa época, o governo norte-americano começou a investir em Pesquisas e Desenvolvimento (P&D) de novas tecnologias agrícolas.
A partir de então, a Revolução Verde espalhou-se rapidamente para outros países do mundo e, na década de 1970 já havia alcançado a maioria dos países em desenvolvimento.
As inovações tinham como principal objetivo aumentar a produtividade agrícola e, consequentemente, a produção de alimentos. Dentro desse conjunto de mudanças, as principais tecnologias envolvidas, que permanecem até hoje, eram:
- As sementes híbridas, que resultam do cruzamento de duas ou mais linhagens puras, são mais resistentes a pragas e doenças, e produzem mais frutos ou grãos;
- Os fertilizantes químicos, compostos que fornecem nitrogênio, fósforo e potássio, nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas;
- Os agrotóxicos, produtos químicos utilizados para controlar pragas, doenças e ervas daninhas e que são extremamente prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana.
As tecnologias da Revolução Verde foram responsáveis por um aumento significativo na produção de alimentos em todo o mundo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a produção agrícola mundial aumentou em cerca de 300% entre 1960 e 2020.
Esse crescimento foi fundamental, na época, para combater a fome e a desnutrição e estima-se que a Revolução Verde tenha ajudado a salvar a vida de mais de um bilhão de pessoas.
Ou seja, a Revolução Verde foi um movimento que trouxe tecnologias que sanaram um problema urgente: a alimentação da população, mas que, de forma inversamente proporcional, geraram um outro problema grave: o risco à sustentabilidade e à vida do nosso planeta.
A Revolução Verde no Brasil
No Brasil, a Revolução Verde começou a ser implementada na década de 1970, assim como em diversos países. Além de investir em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), o governo brasileiro apostou em programas de financiamento para os agricultores. As principais tecnologias impulsionadas em nosso país foram: as sementes híbridas, os fertilizantes químicos e os agrotóxicos.
Nosso país passou a produzir mais alimentos e a reduzir a dependência de importações. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção agrícola brasileira aumentou em cerca de 500% entre 1960 e 2020.
Impactos e consequências da Revolução Verde
Como já trouxemos anteriormente, a Revolução Verde mostra-se como uma solução rápida e eficaz quando a temática é o problema de alimentação da população mundial.
Por outro lado, ao resolver essa questão, estamos criando outras, tão críticas quanto à fome:
- O impulsionamento de práticas que não estão alinhadas à Agroecologia;
- A degradação dos solos com o uso intensivo de fertilizantes e agrotóxicos;
- A diminuição da biodiversidade com o uso de sementes híbridas e com o cultivo de monoculturas;
- A poluição dos solos e dos recursos hídricos com o uso de fertilizantes e agrotóxicos;
- A concentração de posse de terras e o domínio do lucro nas mãos de grandes agricultores, uma vez que o acesso ao uso de tecnologias modernas é muito mais fácil para esse público.
Relação da Revolução Verde com a Agroecologia
A Agroecologia é um sistema de produção agrícola que busca a sustentabilidade ambiental e social. Nesse sentido, ela se contrapõe à Revolução Verde, que é baseada no uso intensivo de insumos químicos.
Segundo José Graziano da Silva, ex-diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), é preciso impulsionar sistemas alimentares, ao mesmo tempo em que preservamos o meio ambiente. E isso, só é possível com a Agroecologia.
O resultado de um sistema de produção alimentar que tem como base a degradação do meio ambiente, resulta na degradação dos solos, das florestas, da água, da qualidade do ar e da biodiversidade. Enquanto isso, o aumento da agroecologia incentiva a sabedoria popular vinda das famílias camponesas. Essa, se utiliza de práticas que cuidam do solo, para que ele seja mais fértil e para que armazene mais carbono, para uma biodiversidade de espécies plantadas e para uma redução da dependência em relação aos adubos sintéticos.
A Agroecologia crítica a Revolução Verde por gerar impactos negativos no meio ambiente e na saúde humana. Além disso, não é sustentável a longo prazo, pois depende de recursos não renováveis, como petróleo e fertilizantes.
Atualmente, a agricultura está enfrentando novos desafios, como o aumento da população mundial, as mudanças climáticas e a escassez de recursos naturais. É importante encontrar soluções que sejam sustentáveis e que possam alimentar uma população crescente, sem comprometer o meio ambiente.
A Revolução Verde foi um marco importante na história da agricultura, mas é importante que haja continuidade na P&D com foco em novas tecnologias que possam aumentar a produção de alimentos de forma sustentável.
Aqui na Raízes do Campo, nós acreditamos que, para além da busca por novas formas e possibilidades tecnológicas, podemos investir nos recursos atuais que já possibilitam a preservação de nosso planeta.
Por isso, nós acreditamos e impulsionamos os alimentos produzidos por meio da sabedoria popular, das famílias camponesas e de suas tradições. Podemos, a partir dos alimentos que consumimos, impactar positivamente o nosso presente e desenhar um futuro Agroecológico.
Esperamos que você tenha gostado do conteúdo de hoje e que ele tenha despertado um sentimento de cuidado e de responsabilidade com cada escolha diária. Quando a escolha é uma opção, escolha o que há de bom. Bom para quem planta, bom para quem come e para o meio ambiente. Até a próxima!